─ O que houve com você?
─ Como assim?
─ Você… você só não é mais a mesma. Não se importa mais. Não
me olha nos olhos quando diz que me ama e eu quase sinto a ironia no
seu tom de voz quando diz. É como se você só estivesse brincando. Você foge de mim. Diz coisas e faz o contrário. Eu não entendo você.
Não reconheço mais a minha garota. E quando você age da forma de antes,
é tão superficial e forçado. Não entendo como você pôde mudar tanto em
tão pouco tempo.
─ […]
─ Eu só quero entender. Por favor.
─ Você não quer.
─ Por favor.
─ Eu só absorvi. Absorvi o que você fez. Se quer entender o porquê disso, talvez deva perguntar a si mesmo. Sou toda a mágoa, a decepção, sou tudo o que você já me fez passar.
Você me fez endurecer, esfriar. Fez de mim uma pessoa cínica,
calculista, me ensinou a dizer que amo sem sentir também. Eu sou o que
você é. Aprendi com o melhor. Sou o que você me tornou, nada mais que seu espelho. Sou um monstro que você mesmo criou e alimentou.
─ […]
─ Dói, né?
Era mais um dia normal, ela acordo, tomo seu café, e ficou sem fazer nada, como sempre. Dia frio, sereno na janela do seu quarto bagunçado. Era bom, se essa bagunça fosse só no quarto dela. Mais não, a bagunça também estava na vida dela, no coração daquela pequena. Pequena, mais porém, com um coração enorme, e partido. Depois de tantos quebrar o coração dela, era possível o coração ainda ter espaço para amar? Ela ainda tinha motivos para sorrir? Talvez sim, talvez não, nunca se sabe né.
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