Não, definitivamente eu não me
apaixono mais por ele. Chorar durante um mês sem parar cansa qualquer
um, não é mesmo? Até porque nem lágrimas me restam mais para chorar por
algo que valha a pena, a partir de hoje. Mas já joguei tanta coisa fora
desde que ele se foi que posso dizer que não tenho mais nada que me
prenda a alguém. Teve um dia que sem nada pra jogar fora, joguei meu
coração. Pois é, não tenho mais aquele ser vermelho que pulsa aqui
dentro, cheio de sentimentos e emoções. Tenho sim, um órgão que bombeia o
sangue para as outras partes do meu corpo. Até porque não o tiraria de
dentro de mim, porque acredito que ninguém mereça que eu vá, para me dar
valor. Mas aquela história de emoção, de sonhos, de sorrisos sem graça,
isso eu já não tenho mais. Acho que quando se cresce e se chora durante
um mês sem parar, a gente aprende não é mesmo? Ou muitas vezes não. Mas
comigo foi diferente. Me isolei, me afastei e não é mentira quando digo
que as vezes me esqueço de acordar. Até porque acordar não tem lá suas
vantagens, muita das vezes. Levantar, escovar os dentes, tomar café,
colocar uma roupa… Por falar em roupa mudei meu guarda roupa.
Totalmente. Isso porque muitas roupas que eu tinha, perdi. Elas
rasgaram, por causa dos espinhos que as vezes saem sem querer. Um
espirro e alguém acaba machucado. Ainda não tenho domínio do tom da
minha voz. Por isso que ultimamente tenho sido áspera. As pessoas dizem
que me tornei um pouco mais cruel. Mas não é culpa minha, tentem
entender. Vocês não sabem como é passar 40 dias abobada, achando graça
em tudo e no 41º dia ser deixada no altar. Tudo bem, que não fui deixada
no altar, mas muita coisa perdeu o sentido quando ele foi embora. Por
isso não quero mais notícias, não quero mais saber: se ele está bem, se
está feliz, se está com outra, se ele a ama, pouco me importa. Até
porque o espaço para sentir saudades de tudo o que vivi, foi jogado fora
junto com aquele short rosa… Junto com tudo o que um dia eu guardei
para ser feliz. E se não der para sorrir daqui pra frente, não tem
problema, os espinhos até que estão me fazendo bem, me dão um ar meio
cômico, meu sério. Mas real.
Era mais um dia normal, ela acordo, tomo seu café, e ficou sem fazer nada, como sempre. Dia frio, sereno na janela do seu quarto bagunçado. Era bom, se essa bagunça fosse só no quarto dela. Mais não, a bagunça também estava na vida dela, no coração daquela pequena. Pequena, mais porém, com um coração enorme, e partido. Depois de tantos quebrar o coração dela, era possível o coração ainda ter espaço para amar? Ela ainda tinha motivos para sorrir? Talvez sim, talvez não, nunca se sabe né.
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