Nas quartas e sextas, o Skatalites era de lei. Não tinha mais como mudar
essa rotina. Ela precisava desse balanço, dessa tranqüilidade, dessa
‘pausa’ na rotina. Os instrumentais transportavam ela pra outros
lugares. Ela podia inventar um milhão de letras diferentes para aquelas
melodias e ela gostava disso, porque assim ela fugia da mesmice. Sem
contar que ela é completamente apaixonada pelo som do saxofone. Puta que
pariu, como essa guria gosta de saxofone. Mas ela mal tem fôlego pra
encarar a rotina e vive respirando por um fio, que não conseguiria tocar
sax. Uma pena. Ou não. Pois assim dava mais valor para aqueles que o
conseguem com tamanha maestria que são capazes de causar um sentimento
nojento nela: a inveja. O mal de todos os séculos se você parar pra ver.
Ela gostava tanto de Skatalites porque despertava nela a vontade de
dançar. E de sonhar. E ai, as pessoas invejosas ficavam longe, bem
longe. Igual o pensamento dela, que só queria esquecer esses
aborrecimentos rotineiros e ser livre. Fosse por seis minutos, não
importava. Colocava no ‘Repeat’ e deixava fluir. O dia todo se
deixassem. Nunca deixavam.
Então ela nunca os ouvia.
Só ouvia o seu Skatalites e ficava bem assim.
Era mais um dia normal, ela acordo, tomo seu café, e ficou sem fazer nada, como sempre. Dia frio, sereno na janela do seu quarto bagunçado. Era bom, se essa bagunça fosse só no quarto dela. Mais não, a bagunça também estava na vida dela, no coração daquela pequena. Pequena, mais porém, com um coração enorme, e partido. Depois de tantos quebrar o coração dela, era possível o coração ainda ter espaço para amar? Ela ainda tinha motivos para sorrir? Talvez sim, talvez não, nunca se sabe né.
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