Dessa vez foi diferente. Eu não
tinha script, apenas abri a página e fui escrevendo tudo que enviavam.
Vai, mais uma vírgula, mais um ponto, mais um mais. E por aí continuei. E
tô continuando. Mas dá tanto medo! Como é que vou saber quando apertar o
ponto final? E se ele não vier? E se ele quiser aparecer no meio do
parágrafo? Eu vou saber diferenciar os parágrafos? Que desespero. O medo
toma conta e eu já fico pensando lá no final quando ainda estou aqui na
quinta linha. Acho que sou insegura. Acho que tenho a certeza agora que
tenho medo demais dessa tal vida.
Ok,
não está sendo tão ruim. Tô conseguindo, não estou? Tudo bem, mais
algumas linhas e a tortura termina. Mas talvez essas linhas demorem
muito para terminar, talvez elas nunca terminem sem que eu tenha que
gritar o ponto final. Eu tenho medo do final. Eu tenho medo do que eu
posso sentir quando apertar o tal do ponto. Vai doer, não vai? Melhor
não pensar nisso, não agora. Além de insegura sou ansiosa, uma ótima
combinação, convenhamos. Como diria Caio Augusto Leite, morro antes de
levar o tiro. Tendo morrido um pouco todas as semanas.
Já
estou no terceiro, ou primeiro, entenda como quiser. Ou nem entenda,
sério, não vale a pena. Vai, por favor, não interprete cada entrelinha,
cada vírgula, eu tô aqui só pra escrever. Só. Não liga. Não entenda. Não
me sinta. Não me veja entre essas letras. Sou insegura, ansiosa e mais
ainda, sou tímida. Então por favor, finja que não entendeu nada e que
somos somente distantes. Certo? Errado. Eu enquanto leio sinto que estou
dando minha cara a tapas. Merda. Acho que andarei com máscaras e
escreverei com travas para que tudo não fique assim, tão á mostra. Ei, é
a minha vida, meus problemas, não posso simplesmente escrever. Mas em
quem mesmo eu tô dando essa bronca? Ah é, em mim.
Pode
acrescentar aí maluca, anti social e carente, tudo bem, eu entendo. Eu
sempre entendo. Afinal, quem é que merece uma louca escrevendo sem
rascunho? Ta aí o resultado. Fica aí, deixa todo mundo ler essas suas
neuroses, ah é, neurótica também, acrescenta lá. Vou melhorar, já tô com
a receita, só falta ir buscar o tal comprimido. Será que vai ser
rápido? Odeio o tratamento. Esperar não é comigo, por mais irônico que
isso pareça, me agoniza. Acho que já passou da hora do tal ponto final,
talvez eu devesse ter colocado ele no começo de tudo para que esse fim
não doesse nem em mim nem em você. Vou indo, eu volto, ainda não
consegui acertar o ponto. Né?
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