Desculpe o inconveniente, mas é que me
lançaram essa pergunta e não sei se tenho uma resposta filosófica o
bastante para responder. Você doaria seu coração para mim? Quer dizer:
Você doaria sua vida para mim? Muito intenso. Você abdicaria sua vida
pela minha? É por aí mesmo… Sinto como se já o tivesse emocionado, mas
ainda não. Vim aqui questionar e não abrir um debate em meio a choros e
gritos. Eu não daria meu coração para ninguém. Digo coração no seu
sentido real mesmo, não no sentido fictício da palavra. Digo no ato de
desistir da própria vida para que outro alguém tivesse um “amanhã”. Este
alguém que é feio da mesma coisa que você, tem a mesma quantidade de
olhos, orelhas, braços, pernas e barriga. Um alguém que você nem sabe se
faria o mesmo por você. Eu definitivamente não doaria meu coração para
alguém. Não perderia minha vida. Se isso é ser egoísta, desculpe-me
então sou a mais estúpida das egoístas, só que não perderia o meu
“amanhã”. Aquele que lutei tanto para ter, aquele que um dia me deram na
esperança de ser algo, por mais que meu propósito tenha sido doar meu
coração, não o doaria. Sim, o fato de saber que foi a atitude mais
bonita que alguém poderia ter feito – ser lembrada eternamente por tal
proeza, quem sabe estatuas?! – me emociona e me faz ter frio na barriga,
mas não, nada disso me enche os olhos. Perder uma vida e receber outra é
uma dádiva muito bela, bem planejada, mas que somente pessoas muito
teimosas conseguem realizar. Até porque, doar um coração, um coração
cheio de amor, de vida, de esperanças, de conquistas, de vontades, de
zelo, é uma atitude heróica. Salvar uma vida, mesmo que isso signifique
perder a sua é intenso. Isso foi o que Jesus Cristo fez por nós: deu sua
vida para nos salvar. Para remir nossos pecados e mesmo assim não o
somos eternamente gratos por tamanho amor. Que dirá dar nossa vida por
alguém que teve seus motivos, ou que também não pretende mudar nem um
pouco. Perder sua vida em prol de outra pessoa é sinal de muito amor.
Até porque tem que amar muito uma pessoa para abrir mão daquilo que
bombeia sua vida, para bombear a vida de outro alguém. Mas novamente
torno a falar, deve ser lindo, mágico, saber que alguém se doou para me
salvar, mas ao mesmo tempo, deve-se a um heroísmo muito grande e eu não
tenho tamanho amor ou tamanha coragem dentro de mim. Contudo, antes de
me julgar, permita-me perguntar: Você doaria seu coração para mim?
Perderia seu “amanhã”?
[...]
Pois é, já esperava.
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