Ela era uma menina que se fosse pelo quase, ela teria tudo. Ela tinha
mãe, tinha pai, porém não os tinha juntos. Tinha padrasto – o tinha como
um pai – e tinha madrasta - nunca foram próximas. Ela dizia que era
uma menina feliz – pobre menina, não sabia o significado de felicidade –
e carregava consigo um segredo.
Ela carregava uma garrafa e nela havia um rolinho de papel e nesse papel
estava escrito o segredo que guardava. Ninguém sequer sabia da
existência dessa garrafa, muito menos do segredo. O que todo mundo sabia
é que essa menina tinha um sorriso medroso, desconfiado, sabiam que
havia algo de errado com ela, porém, nunca quiseram investigar.
A menina da garrafa do segredo cresceu e começou a ver o mundo de outra
forma, descobriu o significado de felicidade e percebeu que nunca foi
feliz de verdade e que a principal causa disso é a existência desse
segredo, que nunca a deixou ser livre, ela se comparava a um pássaro de
asas quebradas que vive, mesmo assim, dentro de uma gaiola. Mas, ela
tinha certeza que se desvendasse esse segredo seria uma reviravolta, não
somente na vida dela, mas na vida de todos e principalmente na vida da
mãe dela. Ela queria voar, queria ser livre, feliz completa e
verdadeiramente.
Num dia qualquer, chuvoso, ela acordou decidida a quebrar a garrafa e
ler o seu segredo para todos. E assim ela fez, todos ficaram revoltados,
chocados, sem entender porque essa menina, que hoje é uma mulher,
guardou esse segredo por tanto tempo, todos queriam entender e, por mais
que ela explicasse parecia que menos todos entendiam.
A única coisa que eu sei é que, hoje, essa menina sorri, é capaz de
acreditar que o amor verdadeiro existe e quer um dia sentir isso e ela
não é mais a menina da garrafa do segredo, hoje ela é a menina das asas
de águia e o que ela mais deseja é alçar voo e emanar a sua felicidade e
amor a vida por todo o mundo.
Era mais um dia normal, ela acordo, tomo seu café, e ficou sem fazer nada, como sempre. Dia frio, sereno na janela do seu quarto bagunçado. Era bom, se essa bagunça fosse só no quarto dela. Mais não, a bagunça também estava na vida dela, no coração daquela pequena. Pequena, mais porém, com um coração enorme, e partido. Depois de tantos quebrar o coração dela, era possível o coração ainda ter espaço para amar? Ela ainda tinha motivos para sorrir? Talvez sim, talvez não, nunca se sabe né.
Nenhum comentário:
Postar um comentário