domingo, abril 08, 2012

 “Soube que você irá se casar. Até recebi o teu convite… mas rasguei antes que minha curiosidade me fizesse entender tudo o que dizia. O teu noivo que escolheu? Achei feio. E acharia horrendo se experimentasse ler completamente. Nunca odiei tanto as palavras “você está sendo convidado para meu casamento”, e nunca achei tão desprezível e humilhante ver dois nomes juntos como o teu e o dele. E estou mais impressionado ainda em saber que você teve a capacidade de me mandar tal coisa. Acha mesmo que eu gostaria de ver você se casando? De branco, lindíssima como sempre, e caminhando para o altar para se encontrar com alguém que não seja eu? Sorrindo e chorando quando o padre disser: “até que a morte os separe”? Bom… eu gostaria. Com certeza, preferiria que a pessoa de terno preto tivesse a minha identidade. Que a pessoa que eu passaria a lua de mel fosse você. Que poderia chamar de minha mulher, e chegar em casa vendo nossos filhos correndo pra lá e pra cá. Tomar café-da-manhã e te dar um beijo na testa antes de ir para o trabalho. Fazer carinho no teu cabelo até que pegasse no sono. […] Você consegue perceber o quanto eu viajo quando falo de um “nós” que nunca vai existir? Como eu saio do chão só de imaginar a gente numa casinha em qualquer lugar do mundo, sendo feliz? Minhas mãos tremem, minhas pernas amolecem e borboletas invadem até o meu cérebro. […] Eu só queria que tu entendesse que é você que eu durmo pensando que esqueci e acordo sabendo que vai dominar minha cabeça por mais uns anos. Sorrio ao lembrar do teu abraço. Procuro teus fios de cabelo no meu travesseiro e teu cheiro em meu cobertor. Reviro os armários na espera de encontrar teus pertences e teus perfumes tão delicados e encantadores. Abro a geladeira na esperança de encontrar tua comida tão simples, feita com tanto carinho, que se tornava tão maravilhosa. A saudade tem me visitado todos os dias. Me diz que deveria estar correndo atrás de você. O coração aperta, e o silêncio dessas horas frias dentro da minha própria casa faz arrepiar-me da cabeça aos pés. Machuca, dói demais. Dilacera e destrói meu peito por dentro. Como se por ali acontecesse um terremoto a cada vez que minha memória insiste em lembrar-me de teus detalhes. Dos versos que eu deixava no teu travesseiro. Das rosas que colocava em cima das tuas roupas. E você sorria. Me dava o melhor aconchego do mundo: teus braços. A gente se amava enquanto brigava, e se batia enquanto se amava. Era algo tão nosso, era um mundo eu e você. Eramos só nós dois, envolvidos, de almas misturadas e amores incondicionalmente absurdos. Não me imaginava acordar e ver o teu lado da cama vazio. Abro os olhos pela manhã e os mesmos já enchem-se de lágrimas só por relembrar teu rosto delicado ao meu lado. E da forma que eu te despertava com um beijo leve. Vida traiçoeira. Levou-te de mim… mas espero que saibas, que o cara que você transformou em teu mais novo amor, tem sorte de estar ao lado da mulher que pra sempre desejarei. Peço a Deus que capacite-o para a fazer feliz, assim como eu queria fazer. Assim como eu desejo te ver para o resto de todos os dias. Saibas que ainda te amo. E que sentir tua falta já virou rotina.” (Florescer)

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