“
Soube que você irá se casar. Até recebi o teu
convite… mas rasguei antes que minha curiosidade me fizesse entender
tudo o que dizia. O teu noivo que escolheu?
Achei feio. E acharia horrendo se experimentasse ler completamente. Nunca odiei tanto as palavras “
você está sendo convidado para meu casamento”,
e nunca achei tão desprezível e humilhante ver dois nomes juntos como o
teu e o dele. E estou mais impressionado ainda em saber que você teve a
capacidade de me mandar tal coisa.
Acha mesmo que eu gostaria de ver você se casando?
De branco, lindíssima como sempre, e caminhando para o altar para se
encontrar com alguém que não seja eu? Sorrindo e chorando quando o padre
disser: “
até que a morte os separe”? Bom… eu gostaria. Com certeza, preferiria que a pessoa de terno preto tivesse a minha identidade.
Que a pessoa que eu passaria a lua de mel fosse você.
Que poderia chamar de minha mulher, e chegar em casa vendo nossos
filhos correndo pra lá e pra cá. Tomar café-da-manhã e te dar um beijo
na testa antes de ir para o trabalho. Fazer carinho no teu cabelo
até que pegasse no sono. […] Você consegue perceber o quanto eu viajo quando falo de um “
nós” que nunca vai existir? Como eu saio do chão só de imaginar a gente numa casinha em qualquer lugar do mundo, sendo feliz?
Minhas mãos tremem, minhas pernas amolecem e borboletas invadem até o meu cérebro.
[…] Eu só queria que tu entendesse que é você que eu durmo pensando que
esqueci e acordo sabendo que vai dominar minha cabeça por mais uns
anos. Sorrio ao lembrar do teu abraço. Procuro teus fios de cabelo no
meu travesseiro e teu cheiro em meu cobertor. Reviro os armários na
espera de encontrar teus pertences e teus perfumes tão
delicados e encantadores. Abro a geladeira na esperança de encontrar tua comida tão simples, feita com tanto carinho, que se tornava tão maravilhosa.
A saudade tem me visitado todos os dias.
Me diz que deveria estar correndo atrás de você. O coração aperta, e o
silêncio dessas horas frias dentro da minha própria casa faz arrepiar-me
da cabeça aos pés. Machuca, dói demais. Dilacera e destrói meu peito
por dentro.
Como se por ali acontecesse um terremoto a cada vez que minha memória insiste em lembrar-me de teus detalhes.
Dos versos que eu deixava no teu travesseiro. Das rosas que colocava em
cima das tuas roupas. E você sorria. Me dava o melhor aconchego do
mundo: teus braços.
A gente se amava enquanto brigava, e se batia enquanto se amava.
Era algo tão nosso, era um mundo eu e você. Eramos só nós dois,
envolvidos, de almas misturadas e amores incondicionalmente absurdos.
Não me imaginava acordar e ver o teu lado da cama vazio. Abro os olhos
pela manhã e os mesmos já enchem-se de lágrimas só por relembrar teu
rosto delicado ao meu lado. E da forma que eu te despertava com um beijo
leve.
Vida traiçoeira. Levou-te de mim… mas espero que
saibas, que o cara que você transformou em teu mais novo amor, tem
sorte de estar ao lado da mulher que pra sempre desejarei. Peço a Deus
que capacite-o
para a fazer feliz, assim como eu queria fazer. Assim como eu desejo te ver para o resto de todos os dias. Saibas que
ainda te amo.
E que sentir tua falta já virou rotina.”
(Florescer)
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