Ela: Você está bem? Eu sonhei com você está noite e
fiquei preocupada. Com você? Não, comigo. Deve ser a trigésima noite
seguida que deito pra parar de lembrar da época que você segurava minha
mão quando passava um menino me olhando na rua e acabo sonhando com os
dias que deitamos na areia da praia e você pegou no sono, nos meus
braços. Você tem um tio médico, será que você consegue perguntar pra ele
se isso é alguma doença grave? E se é contagiosa, porque talvez quem
sabe eu posso passar pra você e você sonhar com os dias de chuva que
vimos um filme da sessão da tarde, matando o tempo em que você deveria
estar estudando história. Não, não é isso. Eu não quero que você fique
doente. Na verdade queria. Queria que você ficasse doente de mim. Ou de
saudade de mim. Por falar nisso, no dia que você disse que precisava
aproveitar a vida sem mim, você estava com o dedo arranhado. Foi aquele
seu gato maldito que cansou de deixar as minhas pernas marcadas? E eu
quase o matei pra não lembrar de você toda vez que eu olhasse pra ele.
Mas lembrar de você e de seu gato com nome de cachorro, ele rolando em
cima de você e você abraçando ele e sorrindo, me dá uma puta vontade de
voltar a te fazer sorrir. Mas é difícil carregar o fardo de não ser boa o
suficiente pra quem é bom demais pra você. Mas eu tentei e até me
surprendi. Meu orgulho tem gosto ruim e eu tive que engolir. Quase tão
ruim quanto aquela macarronada que você fez no domingo a noite antes de
começar pânico na tv e deu errado — pra variar. Mas ficou bom, deu fome
só de ver que se sujamos tanto pra fazer nada. E se limpamos depois, pra
fazer tudo. Eu to usando o esmalte que você gosta. O brinco que você
gosta. A blusa que você gosta. E me irrita. Que mesmo assim, de mim,
você não gosta. Não tô implorando amor, ou tô. Mas é que o céu fica mais
azul quando você me dá bom dia. E a lua brilha mais, quando você vem no
portão da minha casa me dar um beijo na testa e me pedindo pra dormir
com os anjos. Que irônico, o meu anjo foi me pedir pra dormir com meus
anjos. Espero que essa sua mania de pegar virose esteja passando, sua
mania de me amar espero que volte, as mensagens no meio da noite pra me
acordar eu sinto saudades, a sua voz baixinha no meu ouvido e depois um
beijo no rosto me faz querer chorar e pular nos seus braços agora. Por
que você tem que ser tão idiota a ponto de querer ser feliz pegando
qualquer uma? Eu viro qualquer uma. Eu viro qualquer coisa. Quer me
pegar pra você? Mas me pega pra sempre. Não me deixa não. Elas não são
boas o suficiente pra você. Elas não sabem o jeito que você gosta do seu
almoço. Elas não vão saber a hora de ir embora e de ficar. Mas que
droga você. Me faz calar a boca. Me abraça. Eu to com frio. Eu to
congelando. Tô doente. Me socorre. 43ºC de pura saudade do seu aperto e
seu colo. Alergia a cama sem você. Dor de cabeça sem seu cafuné. É
grave. Você me chamava de dramática, acho que era um dos apelidos que
mais me definiam. Eu lembro da sua boca se mexendo enquanto falava. Eu
lembro de tanta coisa e você esquecendo até meu nome, não faz isso não.
Fala comigo, pelo menos me manda embora.
Ele: Gostei do seu cabelo novo. Gostei das roupas.
Gostei do tom de drama na sua voz. E olha que babaca: Amei você. De
novo. De sempre. De tão minha. (p.s)
Era mais um dia normal, ela acordo, tomo seu café, e ficou sem fazer nada, como sempre. Dia frio, sereno na janela do seu quarto bagunçado. Era bom, se essa bagunça fosse só no quarto dela. Mais não, a bagunça também estava na vida dela, no coração daquela pequena. Pequena, mais porém, com um coração enorme, e partido. Depois de tantos quebrar o coração dela, era possível o coração ainda ter espaço para amar? Ela ainda tinha motivos para sorrir? Talvez sim, talvez não, nunca se sabe né.
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