E lá estava a garota, sentada em um toco de árvore no meio do
parque. Seu rosto era suave, constrastando com seu olhar triste. Estava
pensando de novo o que fazer com sua vida. Havia pensado em
desistir muitas vezes, e até chegara a fazer isso algumas; mas este não
era seu desejo, estava cansada de fugir. Saiu de sua
confortável casa, sem rumo, e quando se deu conta, ali estava, sentada
em um toco de árvore no meio do parque que já não ia à anos. Há muito
havia trocado parques por bares e shopping, enquanto também trocava
sorrisos por lágrimas. O jardim de seu coração - que ela amavelmente
cuidou durante toda a vida, expulsando todas as ervas daninhas que
pudessem destruí-lo - morreu. Já não sabe mais o que fazer para
melhorar tal situação, já que esse jardim não é do tipo em que podemos
simplesmente trocar por outro melhor, fértil e sem problemas. Sentiu-se
egoísta, por sofrer tanto enquanto tantos tem problemas piores -
problemas de verdade-, enquanto ela está apenas… Apenas o quê? Ela não
sabe o que sentir, menos ainda o que pensar. Queria voltar no tempo, nos
anos despreocupados da infância, mas isso não iria resolver nada, ela
cresceria novamente; queria tentar deixar de ser tão ridícula e parar de
sofrer - quase não viveu, não tem porque sofrer-, mas também não
adiantaria nada, pensar assim a deixa mais angustiada e com mais medo do
amanhã. Só lhe resta ficar ali, sentada naquele toco, olhando para
frente, enquanto tenta enxergar um ponto de luz no meio da escuridão. Mas nada, não surge nada.
(BoaNoiteCinderela, Gabriela S. Santarosa)
Era mais um dia normal, ela acordo, tomo seu café, e ficou sem fazer nada, como sempre. Dia frio, sereno na janela do seu quarto bagunçado. Era bom, se essa bagunça fosse só no quarto dela. Mais não, a bagunça também estava na vida dela, no coração daquela pequena. Pequena, mais porém, com um coração enorme, e partido. Depois de tantos quebrar o coração dela, era possível o coração ainda ter espaço para amar? Ela ainda tinha motivos para sorrir? Talvez sim, talvez não, nunca se sabe né.
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